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Mostrando postagens de abril, 2025

Crianças perguntam; filósofos também

“ O que é morrer? ” — uma criança de 4 anos e metade dos filósofos da história Existe uma fase em que a criança pergunta “por quê?” pra absolutamente tudo. Por que o céu é azul? Por que eu tenho que dormir? Por que as pessoas morrem? Por que o dinossauro não pode ser meu pet? Essa fase, pra ser sincera, nunca deveria passar. Porque perguntar é a alma da filosofia. E poucas pessoas fazem isso com tanta coragem e criatividade quanto as crianças. Se você já se pegou sem saber responder a uma pergunta infantil, saiba: você foi desafiada por uma pequena Sócrates. E tudo bem. Nem Aristóteles tinha todas as respostas. Crianças são filósofas de nascença Elas investigam. Elas duvidam. Elas fazem experimentos com tudo — inclusive com os nossos limites. E isso não é teimosia. É epistemologia prática. Crianças querem saber como o mundo funciona. E não aceitam respostas que não fazem sentido (aquelas que a gente dá no automático: “porque sim”, “porque eu mandei”, “porque sempre foi assi...

Cuidar é Ato Revolucionário

 “ Toda ética começa no cuidado .” — alguém que provavelmente já passou a madrugada acordado com um bebê no colo Cuidar não é só colocar comida no prato. É também perceber quando o olhar da criança está distante. É sentir a febre antes do termômetro. É saber a diferença entre um choro de sono e um de desamparo. E ainda lembrar de descongelar o feijão. Filosoficamente falando? Isso é uma revolução. Platão sonhava com o mundo das ideias, Kant achava que a razão pura era a base da moral. Mas pergunta se algum deles tentou colocar uma criança pra dormir sem cantar a mesma música trinta vezes. Spoiler: não tentaram. Por isso, quando Lévinas fala que o rosto do outro me convoca à responsabilidade, eu escuto isso com leite derramado no chão e um bebê pendurado na barra da minha blusa. Ele não está falando de teoria. Ele está descrevendo a rotina. A filosofia mora no colo Não é exagero: pensar o cuidado é pensar o que nos faz humanos. E não no sentido "ah, somos todos frágeis...

Pensar com Afeto: parentalidade reflexiva

Pensar com Afeto: como a reflexão pode transformar o maternar “Não tenho tempo nem pra pensar.” Essa frase já saiu da sua boca? Da minha, várias vezes — e geralmente entre uma troca de fralda e uma panela quase queimando. Maternar é ação constante. Mas o que acontece quando o pensar vira luxo? O cotidiano vira peso, o piloto automático domina, e as escolhas deixam de ser escolhas. Aqui no Filosofia Materna, a gente acredita que pensar é, também, uma forma de cuidar. E que refletir sobre o que fazemos com nossos filhos pode transformar o modo como vivemos com eles. Pensar: um gesto de cuidado Segundo a ética do cuidado, proposta por Carol Gilligan e expandida por Nel Noddings, cuidar vai além de alimentar, vestir, proteger. Cuidar envolve escuta, presença e reflexão. Quando paramos para perguntar: “Por que estou dizendo não agora?” ou “Isso faz sentido para minha filha, ou só para mim?”, estamos praticando o cuidado como relação — não como imposição. E isso não é “intelectua...